A cantora Perrie Edwards concedeu pela primeira vez uma entrevista solo a revista GLAMOUR UK, onde a mesma fala sobre como vem lidando com a ansiedade. Recentemente em seu Instagram, Perrie compartilhou com seus seguidores um texto onde revelava que estava lidando com crises de ansiedade e como estava lidando com sua mente desde então. Confira a matéria traduzida abaixo:
Sair da minha zona de conforto pela primeira vez com a campanha para a Superga foi intimidador no começo…
Hoje foi muito bom – fotografar para a Superga- Eu tive o melhot dia. Foi muito, muito divertido. Mas tudo que é um pouco diferente é um pouco intimidade, no começo, mas não é quando você o faz. No começo, eu não vou mentir, eu estava meio “arghh”, mas tem sido muito bom. É estranho porque nós (Little Mix), passamos tanto tempo juntas, nó literalmente passamos por todas as emoções juntas como se fossemos uma pessoa. Se uma de nós está passando por uma situação ruim no relacionamento, ou está se sentindo triste, nós começamos a nos alimentar dessa emoção. Quando uma das meninas passa por um termino, eu estou passando por um termino. É bem bizarro, mas eu acho que passamos tanto tempo juntas que agora estamos em sintonia.
Se você for andar com meu tênis da Superga por um dia…
Eu acho que se um dia você for andar nos meus sapatos, se prepare para um dia estranho. Eu não tenho dias normais, todos os dias são um pouco estranhos. Nós estamos sempre ocupadas, sempre tem algo acontecendo, eu sempre estou correndo por aí então é um dia cheio. Tudo que fazemos é diferente, tipo, nós temos ensaios fotográficos, gravações, ensaios, dias pra aquecimento vocal, aprender todas as diferentes harmonias e gravar. Todo dia é diferente.A primeira vez que eu tive um ataque de pânico, eu liguei pro doutor dizendo “Eu estou morrendo, eu acabei de ter um ataque cardíaco!”
No começo, eu nunca quis me abrir sobre isso. Quando começou a acontecer comigo, eu senti como eu nunca se nunca tivesse acontecido com ninguém antes. Eu não consigo explicar. Era como se eu não soubesse o que estava acontecendo durante esses ataques físicos e os ataques de pânico. Eu sempre tive ansiedade, eu acho que apenas não era acionado de uma forma que se tornava um ataque físico, então quando começou a acontecer comigo, era tão assustador porque eu não sabia o que estava acontecendo. Eu estava ligando pro doutor, eu tava ligando pra todo mundo falando “Eu estou morrendo, eu acabei de ter um ataque cardíaco!” Eu acreditei genuinamente que tinha algo errado comigo. A razão pela qual eu nunca falei sobre isso era porque toda vez que alguém falava “Eu tenho um pouco de ansiedade” aquilo desencadeava e acontecia. Era como se eu falasse parecia, esse demônio que eu temia tanto. Agora, eu estou num lugar que eu estou tentando não deixar com que tome a minha vida, então agora quando eu falo sobre isso eu estou melhor porque eu sei que se você falasse comigo ha um ano atras que eu iria estar falando abertamente sobre minha ansiedade eu iria começar a entrar em pânico. Eu teria um ataque.Conhecer outras pessoas que tem ansiedade me fez perceber que eu não tinha sobrevivido a um ataque cardíaco…
O que mais me ajudou foi conhecer outras pessoas que estavam passando pelo mesmo. Eu estava pesquisando sobre e notei que Ellie Goulding expôs que ela tinha ansiedade e ela mal podia ir pegar o carro para ir até o estúdio. Eu li que Fearne Cotton estava na auto-estrada com seu carro e teve um ataque de pânico e foi aterrorizante. Me fez começar a sentir um pouco mais normal, me fez pensar “Caramba, então muitas pessoas passam por isso, não só eu. Não é a primeira vez que acontece, eu não sobrevivi a um ataque cardíaco”. É uma coisa que todos passam e é triste. Eu fui pra terapia e me ajudou muito. Uma das muitas razões para eu falar sobre isso é porque eu tenho muitos fãs que tem ansiedade e já tiveram ataques de pânico. Teve muitos parentes me contatando dizendo “Meu filho tem ansiedade e ele tem apenas 12 anos” ou “Minha filha tem ansiedade e ela tem 7” e é injusto. Se eu me senti melhor quando ouvi sobre Ellie Goulding e Fearne Cotto, eu espero que consiga fazer a mesma coisa quando eles lerem sobre mim.Mídias sociais consegue realmente bagunçar sua cabeça e fazer você pensar que não é boa o suficiente…
As mídias sociais conseguem ser uma porcaria porque por outro lado é uma maravilha. Você pode entrar todos os dias, falar com seus fãs e mante-los atualizados. É uma coisa muito boa o relacionamento que temos com nosso fãs, amigos e família. Por outro lado, você entra no Instagram e vê as pessoas vivendo aquelas vidas ideias e sendo perfeitas 24/7 e você olha e pensa “Por que eu não tenho isso? Por que eu não tenho um jet particular todos os dias? Porque eu não tenho o parque Bentley do lado de fora?” E começa e mexer com a sua cabeça, e você começa a sentir que não é boa o suficiente. É sobre saber diferenciar o que é real e o que não é, e na maioria do tempo, a vida nas mídias sociais não é. Quando eu publiquei sobre a minha ansiedade, eu decidir ser honesta sobre isso. Eu fiquei muito feliz com essa decisão, porque eu acho que a mídia social tem tomado a vida de todos hoje em dia, especialmente os mais jovens. As crianças entram no Instagram com 5 anos.Você pode ler 100 comentários incriveis mas vai ter um negativo que vai grudar em você…
É o comentário ruim que vai ficar e ter efeitos em você. Eu não sei como as pessoas desse jeitos nas mídias sociais. Você não sabe se olha pra eles e pensa “Por que você é tão má? Você já levou um chute por ser uma vadia? Ou você já se sentiu mal por aquelas pessoas que tem a necessidade de fazer isso?” Talvez seja por colocar um comentário negativo em alguém que eles se beneficiam. Eu não sei como enxergar isso. Eu acho que se você não tem nada de bom pra falar, cala a p*rra da boca. Pra que trazer negatividade sobre as pessoas? Se você está passando por algo e quer falar sobre isso pra alguém, fale com alguém, não seja apenas agressivo com a pessoa nas redes sociais. Só porque você está atras de uma tela, não te da o direito de fazer comentários maldosos. Eles não são robôs, eles tem emoções, então eu acho que temos que ser gentis uns com os outros.
Os ataques de pânico me deram medo de fazer as coisas sozinha – Eu nem podia pegar o trem pra ver meu namorado…Estranhamente quando eu comecei a ter ataques de pânico, eu desenvolvi um medo de estar sozinha. Está bem melhor que antes, eu pensava “Se eu estive sozinha e ter um ataque de pânico, o que eu faço?” Eu não tinha ninguém pra racionalizar comigo e eu não conseguia racionalizar na minha cabeça ou ter o senso disso. Eu cheguei ao ponto que fazia a minha mãe ir ao estúdio comigo porque eu não conseguia ir de carro sozinha. Nós estamos no carro por dois segundos e eu falava “Vira e me leva pra casa!”. Eu não conseguia deixar a casa normalmente.
Até hoje, meu namorado mora me Manchester porque ele joga para o Liverpool, então quando ele se mudou foi uma droga e ai começou a acontecer. Eu ainda não consigo pegar o trem sozinha, me assusta e eu me sinto muito claustrofóbica. Eu me sinto estranha. Minha mãe falava “Eu vou ao mercado comprar leite!” e eu suava e ficava em panico e falava “Por favor não me deixa sozinha, assim que você sair eu vou ter um ataque de pânico e vou estar sozinha”. Minha mãe chegou num ponto que ela não sabia mais o que fazer porque ela não podia ser minha babá 24/7 mesmo que ela tenha feito por muito tempo.Eu nunca pensei que tivesse uma saída. Eu achei pensei que essa era eu agora, uma prisioneira… Era como aprender a andar de novo
Minha melhor amiga/prima, Ellie, foi morar comigo e me ajudou muito. Agora ela pode sair com as amigas e eu fico bem sozinha. Soa ridiculo que eu precisava de uma babá por tanto tempo. Eu ainda estou na luta. Eu não vou conseguir pegar o trem ou ir a algum lugar sozinha, eu não consigo mais fazer isso, me assusta.
Eu não sei se vem com estar na indústria e saber que tem pessoas olhando pra mim constantemente e querendo um pedaço meu ou por ter um paparazzo em todo lugar. Eu não sei se isso desencadeia, mas acontece. Quando eu olho pra trás e vejo essa estranha oscilação que eu tive, eu nunca pensei que houvesse uma saída. Eu pensei que essa era eu agora, uma prisioneira em casa, eu nunca mais vou deixar minha casa e vou precisar de alguém pra segurar minha mão 24/7 e eu pensei que eu não podia viver minha vida assim. Como eu vou ter uma carreira? Como eu vou pro palco e cantar? Como eu vou conhecer meus fãs? Como eu vou fazer qualquer coisa que eu amo se eu não sair de casa? Era como se eu estivesse aprendendo a andar de novo. Quando eu superei uma coisa, quando eu saí um pouco mais de casa, minha mãe não tinha mais que ir trabalhar comigo e eu estava bem. Aí eu comecei a viajar sozinha. Aí eu peguei o carro e fui pra Manchester sozinha e eu estava bem. Eu ainda me sinto estranha em relação ao trem.É sobre encontrar mecanismos de enfrentamento, eu estou constantemente não deixando isso me derrotar…
É encontrando mecanismos de defesa e olhando para o que aconteceu, eu nunca pensei que estaria aqui agora. Eu estou constantemente ficando melhor, estou constantemente não deixando que isso me derrote, é um passo de cada vez. Você tem que descobrir por si mesma e aprender como enfrentar. Eu estou chegando lá. Um dos meus mecanismos inclui meu cachorro, Hatchi – ele é meu filho. Eu amo ele com toda a minha alma. Ele me acalma e eu falo com ele o dia todo. Se a Ellie vai as compras, no começo, eu ficava bem no limite, mas agora eu tenho que deixa-lá ir. Eu não posso fazer um caso se ela quer ir ao cinema com as amigas dela, eu não posso ser essa pessoa. Quando todos estão ocupados, eu tenho o Hatchi, e eu estou bem. Eu tenho meu companheiro. Ele me mantem sã. Meus parentes, mãe, pai, família, e amigos e falar com estranhos ajuda muito.No começo, eu estava envergonhada de ir pra terapia. Eu pensei que se contasse que estava indo para terapia iam pensar que eu estava enlouquecendo…
A terapia me ajudou imensamente. Falar com alguém que não tem ideia do que esta acontecendo na sua vida, você só fala tudo e é a melhor coisa do mundo. No começo, eu estava envergonhada, eu pensei que se eu contasse que estava indo para terapia iam achar que eu estava enlouquecendo. Eu achei que as pessoas iam achar que eu sou louca, e em um ponto minha mãe ia me mandar pra outro lugar porque eu estava tendo esses pensamentos ruins e estava pensando diferente do que eu pensava normalmente. Eu sou muito positiva, extrovertida e simpática e do nada eu estava tendo esses pensamentos sombrios e estava me assustando muito. Quanto mais eu pensava mais me assustava.
Admitindo isso, eu me achava uma estranha. Como eu disse na postagem, eu vivi na minha mente por 26 anos em julho, eu fui a mesma pessoa por 26 anos e minha vida mudou, sim, tem sido uma montanha russa de emoções mas ainda é a minha mente então quando eu perdi o controle sobre isso, eu pensei “O que diabos está acontecendo? Por que minha mente está fazendo isso comigo?” Você sente como se estivesse contra isso e batalhando contra isso. Uma parte está tentando se manter sã e a outra parte está “Nah, você é uma bagunça!” É assustador e bizarro, e eu nunca quis contar a ninguém que eu fiz terapia no começo, mas ajudou. Mesmo quando você está se sentindo pra baixo no trabalho ou você está se sentindo meio pra baixo com assuntos familiares, é bom falar com alguém. É bom falar. Se você tem um amigo, ou um professor, apenas uma pessoa que vai ouvir você por 5 minutos é o melhor.
É como batalhar comigo mesma – minha mãe me dava bonecos pra pintar e eu ficava lá tremendo sentada quando ela saía de casa por 2 minutos…
No começo, eu dizia “não me deixe sozinha, eu vou literalmente morrer”. Cheguei a um ponto de dizer “mãe você pode ir fazer compras, mas leve o celular e assim que você for e eu me sentir estranha, eu te ligo”. Eu fazia o mesmo com a mãe do Alex, Wendy. Ela tem sido incrível. Era Natal e ela dizia “Eu vou passear com o cachorro e voltarei em 2 minutos, vou levar o celular, se precisar de mim, me ligue”. Eu tentava não ligar pelo máximo de tempo possível. Eu ficava tremendo e ela dizia para eu encontrar algo para distrair a mente, como pintar. Minha mãe me deu uns bonecos e eu começava a pintá-los tremendo enquanto pensava ‘não ligue pra ela, você já é adulta, você consegue’. É como batalhar comigo mesma. Quanto mais eu fazia, mais melhorava. Nada muda do dia pra noite; não acontece tão rápido, então você precisa dizer isso pra si mesma e racionalizar.
Agora sou uma pessoa completamente diferente de quem eu era um ano e meio atrás, todos passamos por momentos difíceis na vida…
Parando para lembrar, 18 meses atrás eu achava que isso nunca melhoraria. Agora sou uma pessoa completamente diferente de quem eu era um ano e meio atrás. É exatamente isso. Sou um ser humano, passamos por momentos difíceis em nossas vidas, não vai ser fácil o tempo todo. Isso é o que esquecemos. As redes sociais fazem com que você pense que o único jeito de viver, é viver essas vidas ideias, mas não é assim. Vai haver momentos ruins. Como você lida com eles é que te torna em quem você é de verdade, é o que te faz humano.
Nós passamos por corações partidos. Você pode estar com o coração partido e estar miserável, mas nesse momento tem que se preparar para uma apresentação e entrevistas…
É difícil. É muito difícil. Acho que às vezes, quando você está nesta indústria, você tem que ser uma atriz de vez em quando, o que é triste, por que é um saco não poder mostrar suas emoções o tempo todo, pois tem que estar pronta para a câmera. Nós passamos por corações partidos. Você pode estar com o coração partido e querer ficar na cama com a coberta em sua cabeça e nunca mais sair de lá e tomar sorvete e ficar miserável, mas não pode, pois tem que se preparar para uma apresentação e entrevistas. Tem que jogar isso para o fundo da sua mente e seguir com a vida.
Às vezes acho que é melhor, pois acredito que se eu não tivesse trabalho a fazer no momento de toda aquela ansiedade, eu não teria feito nada. Se eu não tivesse que pensar e ser forte por outras 3 garotas, pois estávamos nos preparando para a turnê Glory Days, e eu sempre tinha mini ataques durante a turnê, pois aprender toda aquela coreografia é muito difícil. É muito intenso. Isso drena a parte mental e física. Apesar de ser divertido, é muito trabalhoso. Se eu não tivesse que pensar nas outras garotas e me preparar pra turnê e pensar nos fãs, que esperam o melhor show possível, eu creio que eu não teria voltado ao trabalho. Eu estaria feliz em casa com minha família e Hatchi o dia todo. Era assim assustadora a ideia de voltar a fazer tudo.
Eu odiei minhas sardas e voltei da escola pra casa e disse “mãe, estou pensando em trocar de pele”…
Minha relação com a beleza mudou. Não sei se foi por causa da idade, não sei se confiança chega com o envelhecimento e não liar para o que as pessoas dizem, mas quando eu era criança, estava no parquinho e estávamos brincando de pegar beijos. Um dos garotos estava bem animado para brincar e eu estava torcendo para alguém me pegar para eu poder beija-lo. Eu corri e olhei para trás e não tinha ninguém me perseguindo. Estava todos atrás da Nicola e eu me lembro de pensar “e eu?” Um dos meninos falava “não beije ela, ela é sardenta!” Lembro de pensar o que raios de errado havia com as minhas sardas. Passei a odiá-las. Fui pra casa e disse “mãe, estou pensando em trocar de pele!” e ela disse “o que?” e eu respondi “claro que eles podem tirar sua pele e colocar uma nova no lugar?” E ela disse “o que há de errado com você? Por que você está dizendo isso? Isso é loucura.”
Por que preciso fazer algo que me deixa infeliz, como usar muita base para parecer que minha pele é perfeita, se as pessoas ainda vão falar que eu pareço uma mer*a…
Quando estava crescendo – ficava nos vestiários e trocava de roupa na frente de outras garotas – eu tinha essa grande cicatriz na minha barriga e isso pesa muito quando você é uma criança. Você pensa que é o fim do mundo. Você pensa “Por que não posso ser normal?” Por que não posso ter uma barriga lisa?” Quando você fica mais velho você muda e pensa e passa a pensar “Nossa, eu acho isso único!” Eu amo sardas. Eu fico no sol tentando ter mais. Eu amo elas, mas quando eu era criança, era diferente. Acho que quando você é criança, tudo se torna dez vezes pior. Você se preocupa por coisas bobas, não é? A idade realmente me ajudou a me tornar confiante em minha própria pele nesta indústria. Eu sempre disse que você não pode satisfazer todo mundo. Por que preciso fazer algo que me deixa infeliz, como usar muita base para parecer que minha pele é perfeita, se as pessoas ainda vão falar que eu pareço uma merda e ficar questionando porque estou usando tanta maquiagem? Eu prefiro ser eu mesma e ficar assim. Quem liga?
Assista ao vídeo da entrevista abaixo: